Entrevista - Roberto Fonseca


Quando saiu publicado o seu primeiro artigo sobre cervejas na imprensa
(Estadão ou outro veículo)?

Isso ocorreu em setembro de 2006. Na época, eu já tinha um blog sobre
colecionismo cervejeiro e com algumas (primárias) avaliações sobre o
conteúdo de latinhas e garrafas. Tirei férias no meio daquele ano e
não sabia bem para onde ir. Até que me deparei com um site
estrangeiro, o Beerme!, que trazia uma listagem de microcervejarias
existentes no Brasil. Vejam vocês, a fonte mais apurada de informações
sobre nossos pequenos produtores naquela ocasião era uma página de
fora do Brasil. Segui o roteiro de Santa Catarina que aparecia ali e
visitei uns seis ou sete produtores, colocando algumas impressões no
blog. Quando voltei, a primeira ideia foi sugerir uma matéria para o
Caderno de Turismo; o Paladar já existia, mas achava difícil que eles
pudessem se interessar por uma matéria grande sobre cervejas. Não era
comum no noticiário da época. Mas, quando já estava no corredor do
jornal rumo à editoria de Turismo, encontrei com um amigo que
trabalhava no Paladar e comentei sobre a viagem. Ele disse que seria
uma ótima matéria para o caderno dele. Antes da publicação, ainda fiz
um “bate e volta” para Santa Catarina,com objetivo de completar a
visita aos produtores. Saí sexta à noite e, no sábado, passei por
Brusque e Indaial e Pomerode. No domingo, conheci a Schornstein, em
Pomerode, fui para Joinville e, de lá, para São Paulo. A matéria foi
publicada, virou capa do Paladar e gerou bastante repercussão; até
hoje ainda há quem me pergunte sobre ela. Após essa reportagem, fui
convidado para continuar escrevendo sobre cervejas para o Paladar.
Embora o assunto não tivesse nem de perto o mesmo destaque de hoje, o
pessoal do caderno já havia notado que tinha potencial para render
bastante nos anos seguintes, e não havia uma pessoa que pudesse cobrir
a área para eles. Foi uma boa sacada.



Você também escreve sobre o mercado de vinhos, outras bebidas ou
gastronomia? Além de cerveja quais temas você cobre como jornalista?

Começo respondendo a segunda pergunta. Sempre trabalhei na área de

jornalismo político, seja acompanhando as peripécias da Prefeitura e
da Câmara Municipal, seja na cobertura eleitoral. De 2006 para cá,
passei a dividir meu tempo profissional entre política e cerveja, e as
coisas se tornaram bem corridas deste então. É por isso que não cubro
outras áreas da gastronomia que não a de cervejas. Não teria tempo de
estudar, pesquisar informações e escrever da mesma forma que sobre
cervejas.Mas isso pode mudar, quem sabe...



E em blogs cervejeiros você escreve há quanto tempo? Para você quais
são as diferenças entre escrever para jornais e revistas e escrever em
blogs?

Escrevo no Latinhas do Bob desde o final de 2005; depois, houve ainda
o Latinhas do Bob 2 (estourei a memória disponível do primeiro) e, de
2009 para cá, o B.O.B. no site do Estadão. Ao menos para mim, há duas
enormes diferenças: a primeira é de espaço, o eterno inimigo dos
jornalistas que trabalham em mídia impressa. As retrancas dadas para
as matérias nunca parecem suficientes para o tanto de informação que é
apurada. O blog, com espaço virtualmente ilimitado, funciona então
como um complemento para quem quer ler mais sobre o tema da semana no
jornal. A segunda vantagem é o tempo: no blog, se você tem a
informação na mão, pode publicar imediatamente, não ficando submetido
aos prazos de impressão do jornal, em especial se você não está numa
editoria diária. Esse é, aliás, o maior desafio atual dos jornais:
produzir algo para o dia seguinte que não seja datado. Tirar o “ontem”
do começo de cada matéria. Vejam quantas reportagens vocês conseguem
achar hoje em dia com “ontem”. Ainda são muitas. Há, voltando à
questão dos blogs, algumas diferenças de linguagem, mas não são
fatores determinantes entre uma plataforma e outra.



Quais são suas principais fontes de informação sobre o mercado cervejeiro?

Há diversas fontes. A principal, como em outras áreas do jornalismo, é
o contato direto com as fontes do setor, por telefone ou computador.
Afinal, é ali que nascem as ideias e novidades. Ainda no campo
virtual, blogs, mailings de cervejeiros e páginas de discussão sobre o
tema em mídias sociais também são fontes valiosas de dados. E, por
fim, há assessorias de imprensa, sites oficiais etc.

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