sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Mosto Legal - Jornalistas


O espaço dado às boas cervejas na imprensa brasileira cresceu muito nos últimos dois anos. Se antigamente as notícias sobre o mercado de cerveja costumavam aparecer nos cadernos de economia dos jornais, lentamente o tema tem se deslocado para as editorias de cultura. As editoras também acordaram para o tema: revistas semanais, masculinas, de viagens e de gastronomia passaram a dar atenção para as boas cervejas. Tá certo que a maioria das matérias servem apenas para divulgar novos lançamentos ou ensinar o be-a-bá da cultura cervejeira para quem só sabe a diferença entre cerveja clara e escura. Porém, tenho acompanhado o trabalho de dois jornalistas que têm ido além do lugar comum, garimpando furos sobre o mercado cervejeiro com precisão e conhecimento, aproveitando muito bem o espaço recém conquistado em alguns dos grandes jornais brasileiros. Os textos que eles têm publicado não subestimam o conhecimento do leitor-consumidor, fica claro que eles não guardam sua visão crítica sobre o atual estado do mercado cervejeiro para as conversas à boca pequena, mas fazem com o cuidado exigido pela responsabilidade de escrever para veículos jornalísticos de grande alcance.
Não bastando o envolvimento profissional com o assunto, ambos mantém blogs onde publicam, além de versões não-editadas de suas matérias para os jornais, avaliações de cervejas e outras curiosidades sobre o mercado e a cultura cervejeira.


Quem são eles?


O interesse pelo tema não é nada recente para Roberto Fonseca, já em 2005 ele mantinha um blog sobre latinhas de cerveja, o Latinhas do Bob. No ano seguinte publicou no caderno Paladar do Estadão sua primeira matéria sobre o mercado cervejeiro, fruto de uma viagem por Santa Catarina em busca das micro-cervejarias da região. Com o passar do tempo o interesse dos leitores aumentou e atualmente escreve para o caderno de gastronomia do jornal toda semana, com notícias e avaliações de cervejas. O seu blog, o Blog do B.O.B no site do Estadão, é um dos mais conhecidos entre os aficionados pelas cervejas, pois sempre traz informações em primeira mão, principalmente sobre a cena paulista.




Marcio Beck está nessa há menos tempo, sua primeira matéria sobre o mercado cervejeiro foi publicada em maio de 2011, no Jornal do Commercio. O tema foi a visita do vice-presidente da Brewers' Association, Bob Pease, ao Brasil. Desde então ele já publicou diversas matérias sobre o assunto, sempre com enfoque no desenvolvimento do mercado das boas cervejas. O seu blog, A Volta ao Mundo em 700 Cervejas, segue na mesma linha, e teve como ponto alto a ótima entrevista com o Garrett Oliver, da cervejaria Brooklyn, que antecedeu a recente visita dele ao Brasil.





Antes de escrever esse post, pedi a eles que me ajudassem respondendo algumas perguntas sobre suas carreiras. Inicialmente eu não tinha a intenção de publicá-las, mas eles responderam com tanta boa vontade e cuidado que considerei um desperdício guardar apenas para mim. Nos links abaixo estão publicadas a pequena "entrevista" com ambos jornalistas:

Roberto Fonseca

Marcio Beck 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Para que tantos estilos?

A mais nova belgian dark IPA.
Fonte: http://www.beermaniacs.com.br
Uma boa forma de saber o quanto você é aficionado por cerveja é elencar todos os estilos de cerveja que conhece. Saber o nome de diversos estilos também pode ser ótimo para contar vantagem na mesa do bar e conquistar o distintivo de beerchato. Mas, para além disso, os estilos de cerveja tem uma utilidade bem mais prática. Quanto mais conheço os estilos de cervejas mais fácil fica fazer boas escolhas cervejeiras.

Muitos cervejeiros caseiros, e outros beernerds em geral, adoram promover longos debates sobre as características que definem cada estilo e julgar se cada cerveja se enquadra ou não no estilo proposto.
Eu não me entusiasmo tanto com esses debates. Depois que bebo a cerveja, o estilo a qual ela pertence perde importância.

Na minha cabeça prefiro enquadrar as cervejas em categorias mais simples: amargas, intensas, suaves, refrescantes, etc. Assim agrupo mentalmente as cervejas que já provei. Porém não posso ignorar a qual estilo cada cerveja que provei está enquadrada. Apenas associando as minhas categorias mentais de cervejas aos estilos cervejeiros saberei o que posso encontrar em uma cerveja que ainda não provei.

Para mim, como consumidor, esse é o ponto que realmente importa. Conhecer os estilos me ajuda a escolher o que beber, principalmente a comprar uma cerveja que nunca tomei antes. Quando a cervejaria indica de forma clara em qual estilo sua cerveja se enquadra, ela facilita a minha escolha. A surpresa se resumirá ao quanto boa ou ruim essa cerveja é. Tudo bem que certas características sutis podem estar presentes em alguns exemplares do estilo, mas não em outros, esse tipo de surpresa também pode ser boa. Mas eu não gostaria de encontrar um defumado intenso em uma schwarzbier, nem um azedume na minha IPA. Dentre as variações de aromas e sabores que cada estilo abrange alguma regularidade tem que haver, para que o próprio estilo faça sentido.

Atualmente, com o crescimento do número de consumidores interessados em cervejas para além do universo das "pilsen", o estilo indicado no rótulo pode ajudar muito a vender. Infelizmente muitas cervejarias não se apegam aos padrões existentes para cada estilo. Querem meramente associar seu produto a algum estilo que consideram facilmente vendável. Aí surgem stouts de baixa fermentação, red ales com mais de 8%abv e outras coisa estranhas. E o que dizer das IPAs? Esse é um estilo com tantas variações que já é difícil dizer exatamente o que qualquer IPA terá em comum. Parece que a fórmula do mercado é a seguinte: pegue qualquer ale, jogue um monte de lúpulos americanos e a batize de "qualquer coisa IPA". Deve vender bem, até eu compraria.

Todo mundo já viu esse cartaz, mas continua muito instrutivo.
fonte: Aleheads