terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Cervejas americanas e data de validade - Um ano depois

Um ano atrás descobri que as cervejas importadas que mais gostava, produtos das cervejarias americanas Anderson Valley e Flying Dog, estavam tendo a data de validade alteradas para o mercado brasileiro. Publiquei uma denúncia no fórum do site Brejas e a partir dali a história correu toda a comunidade cervejeira local. Tive o cuidado de entrar em contato com as cervejarias, ambas confirmaram que as cervejas estavam sendo vendidas para além do prazo estipulado pela fábrica. Quem gosta de cervejas americanas deve ter ficado sabendo da consequência dessa história. Logo após a polêmica, a cervejaria Flying Dog interrompeu o envio de cervejas ao Brasil. Para conhecer melhor os detalhes dessa história leia esses artigos aqui e aqui, e a minha correspondência com as cervejarias Flying Dog e Anderson Valley.


Passado um ano, resolvi investigar como a importadora está lidando com as cervejas americanas do seu portfólio. Recentemente voltaram ao mercado, via importadora Tarantino, cervejas da Anderson Valley Brewing Company e da Rogue Ales. Comprei na loja Cervejoteca, em São Paulo, uma Anderson Valley Imperial IPA e uma Rogue Amber Ale e fui logo olhar o rótulo da importadora para saber a validade. E não é que a importadora mudou a forma de lidar com as cervejar americanas? Agora eles estão vendendo as cervejas sem validade alguma.

Nos EUA as cervejarias não são obrigadas a determinar uma validade para a cerveja, apesar disso existe um movimento de consumidores americanos querendo obrigar as cervejarias a datar suas cervejas. Querem que, ao menos, as cervejas tenham impresso a data de engarrafamento, assim o consumidor pode decidir se vale a pena comprar. É o que faz a Anderson Valley, que tem a data em calendário juliano impresso na garrafa. A Rogue nem isso, não há data nenhuma no rótulo ou na garrafa.

Mesmo sabendo que, legalmente, todos os alimentos importados para o Brasil devem ter data de validade e o rótulo traduzido para português, eu acho que no caso das cervejas americanas importadas pela Tarantino, a ausência de selo com a validade é um avanço. É muito melhor a falta de informação do que informação enganosa. Se antes estavam adulterando a validade agora estão apenas sonegando informação. Já melhorou!








quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Heineken - Qual embalagem tem vantagem?

Heineken é a minha lager de batalha. Ótima para beber descompromissadamente, em casa ou no parque. Custa quase o mesmo que as lagers aguadas feitas de milho, mas é puro malte, sem aditivos, e tem o amargor que as outras ignoram.

A cerveja Heineken é vendida nos supermercados em quatro embalagens diferentes. Apenas a long neck (355ml) é de fabricação nacional, as outras três (lata 350ml, garrafa 650ml e barrilete 5L) são importadas da Holanda. O supermercado onde encontrei as quatro versões à venda pelos melhores preços foi o Dia da rua Teodoro Sampaio, aqui em São Paulo. Os preços foram os seguintes:
  • Long neck nacional 355ml - R$1,99 ou R$5,61 por litro
  • Lata importada 350ml - R$1,79 ou R$5,11 por litro
  • Garrafa importada 650ml - R$3,29 ou R$5,06 por litro
  • Barrilete importado 5L - R$49,99 ou R$10,00 por litro




O primeiro fato curioso é que a Heineken de fabricação local é mais cara que a importada, em lata ou garrafa. O segundo é que o vasilhame com maior volume (barrilete) tem a cerveja mais cara. Sei que muita gente tem fetiche por esses barriletes, tem até beer sommelier famoso elogiando, mas a verdade é que é a mesma cerveja que está na lata: Heineken de fabricação holandesa, sem lightstruck. Mas para tomar Heineken do barrilete paga-se quase o dobro.

O bom bebedor de Heineken sabe que essa cerveja varia muito dependendo da embalagem. A Heineken em garrafa verde tem um fedor característico, que até esconde um pouco do dulçor do malte.  Isso é causado pela ação da luz sobre as algumas moléculas provenientes do lúpulo.
Tem quem prefira a Heineken da garrafa verde, com lightstruck, eu prefiro sem, então costumo comprar em lata. Para minha sorte, a Heineken de lata, mesmo importada, é a com menor preço unitário, apesar de não ter o melhor preço/litro no supermercado consultado. Inclusive o preço da garrafa 650ml está cerca de R$1,00 abaixo do que costumava encontrar meses atrás. Será liquidação do supermercado ou o preço baixou mesmo ?

Eu acho essa variação de preços toda muito estranha, mas fica claro que neste caso o preço da cerveja não varia de acordo com o custo da embalagem ou da logística. A lógica dos preços é outra, varia apenas de acordo com a preferência dos consumidores por certas embalagens. Como aqui em casa a embalagem vai para o lixo, o que eu consumo é apenas a cerveja, vou continuar comprando a Heineken em lata.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Eisenbahn sem concorrência

Experimentar as cervejas da Eisenbahn foram o meu primeiro passo fora da caverna cervejeira. Elas estão a mais tempo presentes nas prateleiras dos supermercados paulistanos do que qualquer outra cerveja artesanal, pelo menos fora do universo das pilsen aguadas. Antes eram as únicas e hoje as mais acessíveis.


No meio cervejeiro, sejam em blogs, sites ou redes sociais fala-se pouco das cervejas Eisenbahn. Não é a cervejaria mais popular nem a mais comentada. Até entendo porque, mesmo bebendo essas cervejas frequentemente, não são as minhas favoritas. Não fazem IPA nem lançam novos rótulos, mas são um porto seguro para o meu dia a dia.

As cervejas Eisenbahn tem uma posição única no mercado cervejeiro: Figuram praticamente sozinhas na faixa dos R$4. Abaixo delas estão todas aquelas lagers das grandes cervejarias, acima todas as outras cervejas artesanais. Entre as cervejas artesanais em garrafas de 350ml não existem tantas outras opções, e geralmente acima dos R$6.  Por cerca de R$10 há mais de uma dezena de cervejas em garrafa de 600ml, aí a disputa é grande, nos mais diversos estilos.

Vou repetir o que já havia escrito neste blog anteriormente: Há cervejarias artesanais que confiam mais nos prêmios que irão ganhar do que na venda que podem obter. A Cervejaria Eisenbahn já ganhou muitas medalhas em concursos internacionais, mas hoje em dia nem tanto. Suas concorrentes tem tido mais sucesso internacional nos últimos tempos. Honestamente prefiro tomar sempre uma boa cerveja sem medalha do que degustar esporadicamente uma cerveja medalhada. O consumidor prefere bom custo/benefício à medalhas no rótulo, e nesse quesito a Eisenbahn é imbatível.

O pessoal cervejeiro adora divagar sobre o dia em que o mercado de cervejas artesanais amadurecer, como o norte americano. Eu digo que o nosso mercado artesanal terá amadurecido quando a faixa dos R$4 for a mais disputada nas prateleiras de empórios e supermercados.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tá difícil tomar chope artesanal em São Paulo!

Na imensa maioria dos bares de SP chope e Brahma praticamente formam uma só palavra. Porém chope não é sinônimo de cerveja aguada. Qualquer cerveja servida na pressão pode ser chamada assim. Mas onde estão os chopes artesanais?



Eu sei que trabalhar com chope artesanal não é fácil. A margem de lucro não é lá grande coisa, o produto estraga logo, a chopeira e os barris são um trambolho. Muito mais fácil é vender cervejas engarrafadas. Mas como fica o consumidor que presa pela sua cerveja bem fresca? Vai ter que camelar atrás do seu chope e ainda corre o risco de tomar cerveja azeda. Porque se não bastassem as dificuldades, tenho a impressão que mesmo os bares que se arriscam a vender chope artesanal não trabalham o produto como deveriam.

Na rua dos Pinheiros há um bar que gosto muito chamado Damis. Montado em um prédio antigo de esquina, tem um ar roqueiro decadente, meio Treze de Maio nos anos noventa. Servem um bom hamburger e chope Eisenbahn Weizen, Pale Ale e Dunkel. Um pint por R$10 é um bom negócio, mas o difícil é o chope estar fresco, mais comum é estar meio azedo. Mas também pudera, sempre que vou lá sou o único tomando chope, todas as outras mesas bebem Original. Como o dono do bar pretende vender dezenas de litros de chope antes que estrague se ele oferece outra opção mais barata e popular. Se quer trabalhar com chope ele tem que ser seu carro-chefe, ao menos no que se refere a bebidas, senão vai vender chope azedo.

Há cerca de um ano, na rua Mourato Coelho, abriram um bar chamado Miró. Infelizmente não durou muito, em menos de um ano fechou. Não sei qual era o público que eles pretendiam atrair, mas a carta de cervejas era das mais estranhas. Todas as cervejas eram do portfolio da importadora e distribuidora Bier & Wein. Tinha de tudo, até lambic, mas cerveja nacional apenas Paulistânia e Conti Premium. A carta de cervejas em garrafa nem era o pior. Estranho mesmo eram às servidas na pressão. Havia quatro opções, todas importadas, inclusive uma pilsener alemã por R$9 a caldereta. Com tantos bons chopes artesanais sendo distribuídos em São Paulo, não entendo qual é a desse fetiche por chope importado. Se nem as cervejas em garrafa importadas estão no auge do seu frescor quando chegam ao nosso mercado, o que dizer dos chopes importados?




A Cervejaria Bamberg, de Votorantim/SP, tem boa distribuição na capital e um portfólio incrível. Diferentemente de outras micro-cervejarias, a Bamberg privilegia o chope, ao invés da garrafa. Isso é fácil de perceber se compararmos os preços praticados por eles e por outras cervejarias artesanais. A Bamberg tem disparada a melhor relação de preço chope/garrafa. Mas infelizmente se quiser provar todo seu incrível portfólio de chopes vai ter que colocar uma chopeira em casa. Em São Paulo,  para além dos batidos pilsen e weizen,  há apenas um estabelecimento, que nem bar é, oferecendo os chopes Bamberg.

O fio de esperança para quem aprecia o bom chope está no único brewpub da capital, a Cervejaria Nacional. O preço do chope ainda assusta um pouco, já que o pint chega a custar R$15. Mas a cerveja é boa, é fresca e é local. Na falta de opções é para lá que eu vou !