sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Viagem de despedida

Passei quase um mês bebendo cerveja boa nos EUA. Sim, esse é o resumo da minha viagem. Também tive uma ou outra motivação de cunho pessoal para essa viagem, mas a principal era tomar todas mesmo.
Estive (e bebi) em quatro estados americanos e, segundo meu Untappd, bebi 154 vezes (descontando alguns 6packs no hotel, que não fiz checkin repetidamente), sendo 126 cervejas que nunca havia experimentado antes. O estilo que mais pedi foi American IPA (41 vezes). Tomei algumas cervejas realmente espetaculares, mas a que marcou a viagem foi a Pliny the Elder. (ainda mais por us$5!).

A minha viagem começou no final de semana de Halloween, em Nova Iorque. É muito bar cervejeiro para pouco tempo, então pulei os mais batidos e decidi me dedicar a vasculhar a cena. Afinal, bar em NYC com muita cerveja boa tem aos montes, mas bar com personalidade realmente interessante dificilmente vai ser aquele em Midtown, cheio de turistas cervejeiros. Tudo isso para dizer que comecei a viagem indo a um dos bares que já é estrela de qualquer guia, o Tørst, o bar do cara da Evil Twin. O bar é muito legal mesmo, cheio de cervejas surpreendentes e vale a visita, apesar de ser o mais caro que visitei na cidade. No mesmo dia fui conhecer o Pickle Shack, que tem como sócio o cara da Dogfish Head, com muitas cervejas dele nas torneiras. Dei a sorte de chegar lá no dia do primeiro aniversário do bar, com direito a double de 60 minute IPA para acompanhar a tábua de pickles (o de talo de alho é o melhor, disparado!). Nos dias seguintes fui a muitos outros bares legais, como o Spuyten Duyvil e o Jimmy’s No.43, mas minhas escolhas foram muito pessoais e não vejo sentido em resenhar todos. De qualquer maneira, segue abaixo o link para o mapa contendo todos os bares que visitei em NYC. Se tiver estiver pensando em visitar a cidade e quiser saber mais sobre algum deles, não se acanhe de me procurar por email ou FB.

Com pickles assim quem sente falta de carne?



Próxima parada da minha viagem foi no Colorado. Passei os primeiros quatro dias da visita ao estado entre a fábrica da Coors, em Golden, e o hotel. Meu estágio na Coors teve um motivo especial. Estava lá para participar do curso de Master Draught do Siebel Institute of Technology, ministrado por Marty Schuster que é, segundo ele mesmo, um dos maiores especialistas do assunto nos EUA. Aprendi muito sobre sistemas e serviço de chope e espero no futuro contribuir um pouco para a melhoria do chope servido em São Paulo.
Concluído o curso, sobrou um fim de semana para visitar Denver. Deu tempo de conhecer quatro cervejarias, que ficam próximas ao centro da cidade e mais alguns bares. Destaque para a Great Divide Brewery, com ótimas cervejas em copos de degustação bem servidos, por us$1 cada. Ainda tinha um food truck estacionado na porta. A surpresa foi encontrar, sem querer, no bairro de Sunnyside, onde estava hospedado, a Diebolt Brewing Co., cervejaria novata, mas que tinha acabado de ganhar uma medalha de ouro no GABF com sua brown ale. E vou dizer que realmente foi a melhor brown ale que já tomei. Abaixo o link com todos os bares e cervejarias que visitei em Denver.

Great Divide lotada no Sábado a tarde.



Para a terceira perna da viagem segui rumo a Califórnia. São Francisco era o destino, cidade que conheço há muito tempo, desde quando ainda não tinha idade para beber cerveja. Por isso fui pagar uma dívida pessoal e tomar todas em SF.
Para começar a falar da cena cervejeira da Califórnia, preciso contar uma impressão que tive durante a viagem, antes mesmo de chegar a São Francisco. A indústria cervejeira californiana denominada craft é grande e forte demais. Percebi isso pela presença maciça de boas cervejas californianas tanto em NY quanto no Colorado. Inclusive, cervejas famosas, como a Old Rasputin, encontrei com mais frequência nos bares de NY do que na própria Califórnia, isso sem falar de fabricantes como Sierra Nevada e Lagunitas, que estão  rumando a leste, com uma segunda fábrica.
Mas São Francisco é mesmo a cidade a se visitar nos EUA. Pelo clima e pela paisagem, pelas pessoas e pela diversidade cultural. E pelas cervejas, obviamente! Os destaques da minha estada de duas semanas por San Francisco e região foram os bares Zeitgeist (com o pátio mais esfumaçado da viagem), Toronado (sente no balcão para não levantar mais, com Pliny por us$5 no happy hour) e Stumptown (tenho certeza que esse brewpub de beira de estrada já foi cenário de algum filme. Em Guerneville, CA), as cervejarias Cellarmaker Brewing Co. (pelas pale ales incríveis) e The Rare Barrel (envelhecer cerveja em barris de madeira é muito cool. Em Berkeley, CA). Abaixo o link com todos os bares e cervejarias que visitei em São Francisco e região.

Pliny no parque.


Agora, como é difícil retornar a realidade brasileira depois de um mês bebendo cerveja boa nos EUA. Não que eu não costume beber cerveja boa por aqui, mas a minha relação, como consumidor de cervejas ditas artesanais, especiais ou apenas boas aqui no Brasil, é ainda baseada em muita frustração. Para consumir essas cervejas no Brasil, domésticas ou importadas, é necessário investir muito mais dinheiro e a chance de comprar um produto defeituoso, ou simplesmente ruim, é muito maior. Paga-se mais e corre-se mais risco, esse é o resumo da minha frustração. Pagar R$30 por pint de cerveja nacional, tô fora! Vou voltar para as minhas Eisenbahns, eventuais promoções e o happy hour da Cervejaria Nacional, pois são nessas situações que me sinto menos tapado por ter adquirido esse gosto por boas cervejas.
Esse parágrafo anterior fica como minha última lamúria neste blog. Esse é o último post do Mosto Crítico no blogger.com. Foram três anos escrevendo este blog, muitas inimizades criadas e algumas amizades. Mas para mim já deu e agora quero partir para outra. De qualquer forma, as contas do Mosto Crítico no FB e no twitter continuarão ativas com o mesmo tipo de conteúdo esporádico que costumo publicar por lá.


Boas cervejas e boas viagens a todos! 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Um ano de Júpiter


David Michelsohn e sua barraca.


Eu conheci os irmãos David, Rafael e Alexandre Michelsohn por causa da cerveja Júpiter. Eles me convidaram para experimentar o lote teste que haviam feito na Cervejaria Brotas, alguns meses antes do lançamento comercial. Fiquei impressionado com a qualidade da cerveja e o entusiasmo deles. Logo descobri que havíamos crescido no mesmo bairro, me identifiquei com a proposta deles de vender uma cerveja fresca, não-pasteurizada e com o discurso regionalista, de focar a distribuição na região oeste de São Paulo, onde vivemos.  Desde então tenho acompanhado de perto a trajetória da cervejaria, que cresceu bastante e ficou muito conhecida.

No começo do mês chamei o David, Rafael e Alexandre Michelsohn para um bate-papo. Na conversa eles contam um pouco da experiência de ser empresário de primeira viagem no mercado cervejeiro e como eles veem o mercado depois de um ano de Júpiter.



Fernando: Já completou um ano? Qual é a data?
David - Três de julho.
Rafael - Foi um ano daquele dia no lançamento no EAP.


Fernando: Qual é o sentimento depois de um ano?
David - Orgulho pra caralho.
Alexandre - Realização.
David - Tem essa história de que a maioria das empresas vai a falência depois de um ano. A gente... é a maior guerrilha assim, e a gente passou, a gente passou do primeiro ano!
Fernando: Muita gente quebra em menos de um ano.
David - Muita gente quebra e a sensação que dá depois que se fecha um ano, é assim, “caramba! Tem gente começando agora, você olha, caralho! Esses caras são malucos.” Foi o que eu senti quando eu vi os caras lançando a Cafuza . Estava bem perto do nosso um ano, a gente fez muito parecido.  A analogia que me passou foi, sabe o filme O Resgate do Soldado Ryan? O Tom Hanks desce na praia e vem tiro de tudo que é lado. O primeiro ano é assim, e a gente passou.
Rafael - Tipo o desembarque na Normandia.  Você está ali, tem um milhão de pessoas querendo te matar, você tem que correr. É muito foda, muita paulada na cabeça, de tudo que é lado, você nem sabe de onde pode vir. Porque a gente ainda era meio inexperiente. Inexperiente em termo de negócio, além de tudo, então, você não sabe de onde vem as cacetadas, o que pode dar errado.
David - Mas depois de um ano a empresa é muito mais saudável, nos processos, nas finanças. A gente está chegando perto da hora que vai sair do zero.  Vai começar a ganhar.


Fernando: Vocês não tinham experiência de trabalhar no mercado cervejeiro, né? Depois de um ano trabalhando nesse mercado, qual é a avaliação que vocês fazem?  Como vocês percebem a receptividade do mercado?
Rafael - O que eu vejo é que em termos de negócio, todo mundo sabe que é difícil. É muito mais difícil do que eu imaginava em termos de business, de verter em receita, isso realmente é.
David - Porque afinal todos os negócios que a gente tinha montado tinham dado lucro pra caralho! Risos
Rafael - É muito difícil. Eu não imaginava um retorno tão grande em termos de marca, de criação de alguma coisa, uma coisa mais intangível, mas superou completamente qualquer expectativa que a gente podia ter. Uma coisa muito impressionante…
David - Uma avaliação que eu faço do nosso desempenho é que no primeiro ano a gente posicionou a Júpiter, a gente entrou fazendo bonito, tanto com uma receita boa, com uma atitude de atendimento e com produto de muita qualidade. A gente falava, a gente cumpria sempre, fazia o maior esforço pra atender bem todos os pontos de venda. Acho que isso aí foram coisas que ajudaram a gente a se posicionar como uma empresa inteira. Inteira de qualidade, não só cerveja. Acho que isso refletiu bastante, então a gente marcou isso muito bem. Hoje a cerveja tem um prêmio (medalha de prata na South Beer Cup 2014) pra mostrar que a cerveja é boa e acho que a parte da relação de negócios esta aí, a gente está com várias parcerias. O fato da gente já ter feito cerveja em seis cervejarias. A gente encontrar parceiros em seis lugares, e nenhum cara desses seis lugares poderem falar “não, esses caras...” Quer dizer que a gente também foi bem no outro lado, que está por trás da marca da cerveja. Acho que foi importante construir isso, uma marca interna, que as pessoas gostam. Quem faz negócio com a gente acaba gostando.


Fernando: E o modelo de “cervejaria cigana”, vocês foram um dos pioneiros. Aqui em São Paulo vocês são os primeiros. Como fazer vingar esse modelo, já que não tinham tantos exemplos pra vocês seguirem e se espelhar?
David - É um modelo possível, entendeu? Eu acho que tinha muitos exemplos pra gente se espelhar, tanto que, nunca foi uma ideia original nossa, mas a gente fez assim, é um modelo possível e São Paulo tem um terreno razoavelmente propício, mas não é o mais propício do Brasil. Outros estados têm mais parceiros e o ambiente em geral é melhor, mas São Paulo é bom, então a gente conseguiu. Não foi o caminho que a gente escolheu, foi o caminho que a gente encontrou mesmo...
Rafael - Foi o caminho possível.
David - É, foi o caminho possível, lógico, a gente quer ter uma cervejaria, quer ter um monte de coisa. A gente vai onde consegue entrar né?  Numa cervejaria, você paga muito pra começar a brincar.
Alexandre - É um investimento maior.
David - É um risco muito grande e a gente ainda não consegue nem mobilizar todo o capital.
Alexandre - Não, é outro passo. É outra realidade, a gente está em outro momento.


Fernando: E em termos de números, foram quantos lotes de cerveja que vocês já produziram nesse primeiro ano?
David - Onze no Marcel (da Dortmund), dois no Rodrigo (da Invicta).
Rafael - E três já da Tânger (Premium Paulista);
David - Daí tem a Meia-Noite (Premium Paulista), que é cerveja nova, também já está pronta. Teve uma em Itupeva (Blondine),  tem também a de Brotas e a da Nacional. É em torno de uns vinte lotes.


Fernando: E em termos de litragem, quanto vocês produziram nesse primeiro ano?
Rafael - Temos visto o quanto a gente produz a cada mês, se está aumentando; se produziu mais que no mês anterior e até hoje só tem sido crescente o número. Todo mês a gente produziu mais do que no mês anterior.
David - Trinta e quatro mil e duzentos litros, o que a gente produziu. Legal cara, a gente nunca tinha feito essa conta.


Fernando: E a parceria com a Multicarnes (distribuidora), o que significou pra vocês em termos de distribuição? O que melhorou pra vocês estarem nessa parceria agora?
David - Pra mim é quase irretocável.
Alexandre - É, está funcionando muito bem. No começo a gente tinha a expectativa de que ia disparar as vendas, mas não.
David - Tipo, ela vai crescendo, crescendo...
Rafael - Não fez uma curva exponencial, mas você vê o grau.
David - E eu acho que mais importante que isso, os caras têm um monte de polêmicas no mercado e tal, mas eu acho que eles são super éticos no jeito de trabalhar, tem a ver com aquilo que eu falei uns minutos atrás, a gente achou parceiros que têm, que são melhores pra trabalhar, sabe? O cara que trabalha bem com todo mundo, o cara que te representa bem.
Alexandre - Eu acho que a gente também vai aprendendo, o mercado está numa transformação muito grande, a gente foi a primeira, agora tem mais três, quatro ciganas daqui de São Paulo. Então, a transformação está muito rápida. A gente aprendeu, vai identificando as melhores parcerias e azeitando a nossa casa com isso.
Rafael - E o que a gente fez antes da Multicarnes foi tentar fazer a nossa própria distribuição. Nem sei se a gente tinha essa consciência toda, mas estávamos numa tentativa de criar uma distribuidora de cerveja pra Júpiter, tinha até a ideia de eventualmente distribuir outras, pra justificar uma operação. Mas a gente viu que isso daí é outro negócio completamente diferente. É muito difícil, mas mesmo apanhando, foi incrível. Quando a gente falava para os distribuidores quantos pontos de venda a gente tinha aberto sozinho, quer dizer, o David tinha aberto, porque o Alê não tava ainda,  o pessoal falava: “o quê? Você fez isso? Como assim?” E isso foi bom, e, bem ou mal, quando a gente chegou para negociar em outra distribuidora ou na Multicarnes a gente já falava isso. Eles não podiam falar: “ó, o número de vocês é tanto”, a gente já chegou podendo conversar, entendeu? Então teve o seu valor de alguma forma.. A gente apanhou muito, custou, gerou uma operação deficitária mas gerou uma conversa de igual pra igual.
David - É, a gente negociou de uma posição mais forte.


Fernando: E o lance da cerveja não pasteurizada com cadeia refrigerada, eu sei que a própria Multicarnes já tinha um preparo pra isso, mas imagino que no ponto de venda ainda seja uma coisa que dá um pouco mais de trabalho. Como é que tem sido essa receptividade e que tipo de problema vocês tem tido?
Rafael - Tem o upside e tem o downside dessa história, né.
David - Conta a sua versão que eu que vou contar a minha visão.
Rafael - Eu vejo que, se você comparar com outras cervejarias, talvez tenham mais facilidade de entrar em determinados lugares e conseguem vender num volume maior assim (pasteurizando a cerveja). Um pedido que não é refrigerado, por exemplo, o cara pede uma caixa, já que ele não tem essa necessidade de refrigeração.  Vai vender três caixas, então o cara tem uma vazão maior, o que gera mais venda pra ele, mas a gente tem o nosso produto, que a gente faz questão da qualidade dele, essa é a nossa bandeira e a gente quer se desenvolver como a melhor cerveja.
Alexandre - A gente faz questão de ter um produto fresquinho.
Rafael - Que é um produto de melhor qualidade, então a gente acredita nisso, se não é no curto prazo, isso aí é a nossa linha.
David - Eu vejo um pouquinho diferente: a gente, até pelo fato de estar em uma parceria com a Multicarnes, aqui na cidade de São Paulo os caras entregam todo dia, se você pedir hoje de manhã, amanhã de manhã eles entregam, de hoje de tarde até no outro dia. Então, se o cara vai pedir, pede pouco porque tem pouco espaço na geladeira, quando está acabando, pede de novo.
Rafael - Teoricamente sim mas na prática não tem essa liquidez total...
David - Cara, eu não acho que isso é um fator que diminua as nossas vendas, tanto que você vê, tá mudando um pouco a cultura, você mesmo falou, está vendendo no Quitanda, naquele mercado em Pinheiros, a gente está começando a mudar um pouco essa cultura.
Rafael - Eu acredito nisso, a médio prazo.
David - É mais que isso, eu vejo que os consumidores valorizam muito, os donos de ponto de venda percebem que é um negócio melhor, sabe? Isso aí traz uma marca intangível, que coloca a gente pra cima dos outros. Desde o começo é assim, agora tem outras marcas também fazendo, mas acaba que a indústria inteira reconhece como uma marca de qualidade incontestável.
Rafael - E sem dúvida que gera uma logística e uma estrutura comercial diferente.
Alexandre - E foi um fator determinante pra nossa parceria com a Multicarnes.


Fernando: E eu vejo na lista de pontos de venda de vocês, eu mesmo já vi em diversos lugares, vendendo cervejas de vocês em restaurantes e outros pontos de venda que não vendem diversas cervejas artesanais, não são lugares que reconhecidamente atraiam o público de cerveja artesanal. Como é resposta que vocês tem tido desses pontos de venda e desses consumidores que encontram a cerveja de vocês nesses locais?
David - Eu tenho notado vários bares e restaurantes, mais em restaurantes que tem uma carta reduzida de cerveja. O cara tem ali meia dúzia, oito tipos de cerveja, e muitas vezes acaba escolhendo a nossa. Eu sei que você mora lá em Pinheiros então, tem um pouco disso, de eu mesmo circular pelo bairro e estar bem forte, então você acaba vendo isso, às vezes até mais forte que os outros, mas a gente dá muito valor pra estabelecimentos assim, que valorizam gastronomia. As vezes tem uma pizzaria: a pizzaria não vai ter setenta e oito tipos de cerveja, vai ter ali um punhado, conversando com os donos, o cara diz: “eu queria ter três cervejas especiais”, não, coloca seis, eu não posso nem dar todas as cervejas para o cara, mas não é isso, fico pensando que ele está pedindo cerveja para dar uma boa experiência pros clientes e acho que é esse tipo de lugar que a gente dá um foco especial porque são esses caras que se preocupam em dar uma coisa boa , entregar uma coisa boa para os clientes, então muitas vezes ele vai sugerir harmonização dessa cerveja. Então, além de ter uma cerveja boa, vai ter uma experiência completa.


Fernando: Eu percebo que muita cerveja artesanal tem no lançamento uma grande repercussão, o cara vende muito e depois perde o fôlego. Isso aconteceu com a Júpiter?
David - Eu acho que é questão de tempo até um rótulo ser aceito ou não, sabe? Eu não sou infalível, meus irmãos, nem o Vitor (Marinho, cervejeiro que trabalha com a Júpiter) nem ninguém. Uma hora a gente vai planejar uma coisa que não vai dar certo.
Rafael - Cara, a gente ouve isso de relatos, de que é assim que funciona mas olhando em planilhas eu não observei isso não.
David - O que dizem que acontece é o seguinte: Isso acontece muito com importação, vem o primeiro container, é novidade, vende rápido. Vem o segundo container, vendeu bem o primeiro então tem a recompra.  Então todo mundo recompra e aí chega o terceiro container e ninguém compra. Nenhum cliente comprou da recompra e daí encalha. Essa é a lenda, mas nem sempre é assim.
Rafael - Sabe que a gente não observou também isso, porque a gente ainda não tem uma malha de distribuição definida, essa malha de distribuição está crescendo.
David - E isso é igual pros importados, eu acho que a diferença que a gente tem é que trabalhamos a marca. Tipo, a Suméria você vai ver, eles estão trabalhando a marca,  vai ter resultado pra isso, a BrewDog trabalhou a marca, a Rogue trabalhou a marca, a Anderson Valley não trabalhou e varias outras não trabalharam e tem muita marca pequena que você vê, especialmente importada, que não trabalham marca, então é difícil, sai da cabeça do consumidor.


Fernando: Faz parte da mentalidade de parte do público consumidor e também do pessoal que trabalha no ramo querer sempre beber novidade. O pessoal gosta de ir para o Empório Alto dos Pinheiros e tomar todas as cervejas novas que ainda não experimentou. Tem um pessoal que está mais interessado em experimentar tudo que há de novo no mercado e não estabelece um padrão de consumo claro. Eu sei que isso contamina algumas pequenas cervejarias que acham que têm que ficar lançando cerveja nova toda hora porque é o que o público quer. Eu particularmente não acho que esse seja o comportamento da maior parte do público, vocês se pautam por isso?
David - São mentalidades, propostas diferentes de cada cervejaria, se eu pudesse, se eu tivesse um sistema de fornecedores e distribuição super azeitado, eu lançava uma por mês, não porque tem que ter novidade porque o público quer, mas porque é um tesão fazer essas coisas.
Fernando: Receita não falta né...
David - É, a gente tem um monte de vontade e oportunidades legais. A gente vai ter a com o De Cabrón, tem outras parcerias também. Não é porque o público quer, é legal fazer um negócio assim. Eu encontro um parceiro criativo e é uma motivação, não é pra satisfazer o público, então não adianta ficar lançando sei lá, tem que fazer aquilo que eles gostam. Esse público que vai lá provar quinhentas cervejas no Empório, ele é pequeno, é formador de opinião mas é pequeno. Esses caras, e eu sou um desses caras, sempre chego lá no Empório e tomo uma. Você também é desses caras...
Fernando: De vez em quando...
David - Então, sempre chega e fala assim para seus amigos “meu, tem uma cerveja que eu gosto de abrir os trabalhos, não tem erro, todo mundo vai tomar e vai gostar, pega aí a Júpiter", esse é um negócio que é a marca, entendeu? Se eu lançasse quinhentas coisas e não trabalhasse a marca, não teria isso.
Rafael - Você não ia fixar como marca.


Fernando: Até porque o público mais leigo, muitas vezes, nem associa uma marca ao estilo, então, na cabeça de muita gente é a cerveja Júpiter, não é a Júpiter APA, a Júpiter IPA, a Júpiter Tânger, é a cerveja Júpiter.  Muita gente deve achar que Júpiter é uma cerveja só.
David - Não correndo o risco de parecer megalomaníaco mas, um modelo de linha de lançamentos que eu vejo é a BrewDog, eles lançam dezenas de rótulos por ano, toda hora tem, mas todo mundo conhece a Punk IPA como sendo a cerveja símbolo da BrewDog,  então com a Júpiter, meu sonho, acho que é isso aí mesmo, a gente ter doze Júpiters no ano mas o pessoal não fala “ toma a APA”, fala “toma a Júpiter”. Isso acontece com muita gente, "vocês fazem a Júpiter e qual outra"?


Fernando: E a comemoração pelo primeiro ano da Júpiter, como vai ser?
David - A grande festa vai ser aqui no Butantan Food Park (no dia 26/07). Na festa vai ter o 1º Festival Paulista de Cerveja Artesanal. A gente vai trazer vinte cervejas, quatro da Júpiter e dezesseis de outras cervejarias, todas paulistas. Não precisa pagar pra entrar, é só o que consumir, vai ser preço normal. A gente também vai trazer boné, copo, mapa cervejeiro de São Paulo, com todas as cervejarias de onde eu trouxer o chope. Daí a gente vai fazer o serviço desses vinte chopes em duas sessões, durante o dia inteiro vai ter os quatro chopes da Júpiter até acabar e daí a primeira sessão de meio-dia às cinco, oito tipos de chope, depois, das cinco às dez, outros oito tipos. Eu tenho o maior orgulho das coisas que a gente faz aqui em São Paulo, você tá ligado, né? O Movimento para Pinheiros. E todo mundo fala da cena cervejeira de Curitiba, de Minas Gerais, de Belo Horizonte, até do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina eles falam, aquela coisa bem alemã mas falam, mas ninguém fala da cena paulista e daí a gente vai contar essa história.  A cena paulista é isso aqui, essas vinte cervejas são fodas, vai ter até cerveja bem simples, vai ter as cervejas da Blondine, vai ter a Brotas.  Vai ter todas onde a gente já brassou.
Rafael - Vai ser legal, não aconteceu isso ainda.
Fernando: Você vê como a história de vocês tem a ver com a história recente da cena paulista.
David - Eu falei “pô, não posso deixar o André de fora”, começou junto comigo, ele é meu primeiro colega de classe, entendeu? Daí o Bruninho lançou a Cafuza, a Suméria trabalha aqui com a gente, trabalhei com o Sigolo, o Feijão é meu amigo, o Rafa Mosqueta trabalhava na Colorado, a Bamberg, não vou deixar de fora, os caras têm um monte de fãs, as pessoas adoram também. A gente foi trazendo todo mundo que tinha alguma relação com a gente, ou que o público gostasse demais. A gente vai trazer uma monte de coisa legal pra quem nunca viu cerveja diferente também, o cara vai poder em um dia ter oportunidade de ver e aprender, sabe? Entender o que é cada coisa.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

O difícil relacionamento com o SAC da Eisenbahn

"A qualidade deste atendimento foi satisfatória?"


Bebo cervejas Eisenbahn com frequência, são boas cervejas com o melhor preço. Atualmente as preferidas da minha geladeira são a Weizenbock e a 5 anos. Essa última eu sempre compro de meia dúzia, mas fiquei muito decepcionado com a minha última compra. Apesar de já ter visto reclamações, nunca tinha comprado cervejas Eisenbahn com defeito aparente, até essa vez. Diacetil e gosto de prego enferrujado foi o que encontrei nas duas primeiras que abri. Como todas eram do mesmo lote, achei que seria melhor tentar trocá-las do que encarar mais quatro cervejas ruins. Assim começou a minha aventura pelo sistema de relacionamento com o consumidor da Eisenbahn.

Decidido a trocar as cervejas, minha primeira atitude foi entrar no site da cervejaria (que foi desativado logo após o meu problema), na seção Contato e fazer uma reclamação sobre a qualidade das cervejas que havia comprado e solicitar a reposição.  Depois de uma semana de espera recebo a resposta:
“...Em atenção ao seu e-mail, solicitamos que entre em contato com nossa Central de Relacionamento através do 0800 773 4736, nosso horário de atendimento é de Segunda a sexta-feira das 8h30min às 17h30min...”

Sim, demoraram uma semana para me avisar que a seção Contato do site da empresa não podia lidar com a minha reclamação e que eu deveria ligar na Central de Relacionamento. E foi isso que eu fiz, mas para meu espanto o telefone 0800 da Central de Relacionamento da Eisenbahn não aceitava ligações a partir de telefones celulares!

Evidentemente, nada disso iria me impedir e ligando de uma linha terrestre eu consegui falar com a Central de Relacionamento. Fui atendido por uma moça que apesar de gentil, parecia surpresa por atender a minha ligação. Enquanto eu ouvia ao fundo alguma confraternização que ocorria na mesma sala onde a atendente estava eu esperei que ela lentamente preenchesse meus dados em algum formulário. Mais difícil foi quando ela precisou anotar qual era o produto do qual eu estava solicitando a troca, pois não só ela nunca tinha ouvido falar na Eisenbahn 5 anos, como ela não conseguia encontrar a cerveja no formulário do sistema no qual ela anotava a minha reclamação. Depois de meia hora ao telefone, ficou marcada a data na qual um representante da empresa iria à minha casa trocar as cervejas. Infelizmente, na data marcada ninguém apareceu.

Passados mais alguns dias recebo ligação de uma atendente que se apresenta como representante da Brasil Kirin, corporação proprietária da marca Eisenbahn. Sem nenhum pedido de desculpas ou qualquer justificativa ela se oferece para remarcar a visita. Sugere um dia em que haveria jogo do Brasil na Copa, data que eu recusei prontamente. Se em um dia normal eles já tinham me dado o cano, qual era a chance de aparecem na minha casa em dia de jogo do Brasil? A atendente não conseguiu disfarçar o quanto ficou contrariada quando eu expliquei porque não aceitava aquela data para a visita do representante. Mesmo assim, uma nova data foi agendada e dessa vez a troca foi efetuada. Recebi novas garrafas de Eisenbahn 5 anos, de dois lotes diferentes, posteriores aos lotes das cervejas que estavam com problema. Já bebi algumas e se parecem bem mais com a cerveja que eu estava habituado a beber.


Quando uma pequena empresa que admiramos é adquirida por outra bem maior, é de se esperar que entre outras coisas os setores de distribuição, o controle de qualidade e relacionamento com os consumidores se beneficiem da uma maior estrutura e mais investimento. É muito decepcionante ver que no caso do relacionamento com os consumidores o atendimento prestado pela Brasil Kirin está mais próximo do padrão já conhecido por quem tem que lidar com problemas com companhias telefônicas. A estrutura de atendimento está armada de maneira a desmobilizar o reclamante e não a satisfazer a sua necessidade.


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Padrão de qualidade lá e aqui



No quarto episódio da série Brew Masters, do canal Discovery, o proprietário da cervejaria americana Dogfish Head, Sam Calagione, se vê às voltas com um grave problema de controle de qualidade. A cerveja mais valorizada da marca, a 120 Minute IPA, apresentou um defeito durante o processo de fabricação. Durante todo o programa Calagione pondera sobre a importância de manter o padrão de qualidade da marca e o prejuízo que descartar o lote defeituoso acarretaria. Ao final do episódio, um tanque inteiro de 120 Minute é descartado.

Aqui no Brasil, há meses é comentado nas redes sociais um problema recorrente nas cervejas arrolhadas da Wäls. Muitas aparecem sem gás e/ou com um azedume não característico. No fórum do site Brejas já tem um tópico com mais de 80 respostas, com diversos consumidores reclamando de terem comprado cervejas Wäls defeituosas. Durante o debate no fórum, que já dura mais de 2 meses, alguns colegas reproduziram respostas que receberam da equipe da Wäls. Primeiro representantes da cervejaria tentaram culpar o transporte e o armazenamento nos pontos de venda, até que em um post recente, um forista comentou que esteve na fábrica da Wäls e ouviu de um dos proprietários que de fato houve um problema com as rolhas. O problema teria ocorrido durante 10 meses antes de ser detectado, quando usaram, inadvertidamente, rolhas com um padrão diferente do usual. A culpa seria do fabricante das rolhas sintéticas, que havia mudado a composição das rolhas sem avisar a cervejaria. Parece que agora as garrafas estão sendo tampadas com uma rolha diferente, de outro fornecedor.

Depois de tantos meses sem admitir a extensão do problema parece que, pelo menos em conversas informais, a equipe da Wäls assume o que aconteceu. Mas o que falta à Wäls, a cervejaria que conquistou recentemente o prêmio mais prestigiado já dado a uma cerveja brasileira e que divulgou o investimento em um novo laboratório de análises químicas, é demonstrar o mesmo tipo de preocupação do Sam Calagione da Dogfish Head com seus consumidores e com o padrão de qualidade de seus produtos, dar uma satisfação pública aos seus consumidores e tirar de circulação os lotes defeituosos. Transferir para o consumidor o prejuízo causado por um problema entre fabricante e fornecedor é sinal claro de descaso. No momento em que a cervejaria começa a exportar seus produtos para os EUA eles passam a impressão de subestimarem os consumidores locais. Ou será que vai ter Belô azeda também?

foto: lamasbrewshop.com.br



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Good Times With the Queen - Podcast Mostura

Depois de apenas duas edições da festa IPA Day, em Ribeirão Preto, a Academia de Ideias Cervejeiras já conquistou a fama de organizar as melhores festas cervejeiras de São Paulo. Para o seu primeiro evento na capital, vieram com um conceito arriscado: celebrar as cervejas da Grã-Bretanha (e adjacências). Pode não ser a escola cervejeira mais popular do momento, mas minhas dúvidas logo se dissiparam quando pensei: Cerveja boa e rock inglês? Não tem como dar errado!


Para saber mais sobre a festa A Pint With the Queen clique na imagem.


Como o Podcast Mostura está precisando de um ânimo novo, propus ao pessoal da AIC uma parceria: eu ajudaria na seleção musical da festa e eles ajudariam na divulgação da edição especial do podcast.

Nessa edição, 50 minutos do mais típico rock inglês dos anos 70, as obscuridades mais radiofônicas, do tempo em que o John Peel ainda tinha cabelo. Tem The Clash, Queen, Slade, Paul McCartney e mais.

Para escutar o Podcast Mostura - Good Times With the Queen você pode apenas apertar o play na caixinha abaixo. Mas para ouvir o podcast em toda a sua glória, com fotos e a possibilidade de navegar entre as faixas eu sugiro baixar o arquivo aqui, ou melhor ainda, visitando essa página você pode, além de conhecer todas as edições do Podcast Mostura, assinar o podcast para receber todos no seu computador. O Podcast Mostura toca em qualquer sistema operacional, mas é otimizado para iOS.



sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Pale Ales e Podcasts




Como vocês já devem ter percebido, eu sou um blogueiro que segue tendências. Assim, não deve ter sido coincidência que nesse ano, apesar das implicações financeiras, eu também abracei as cervejas de menor teor alcoólico. Continuo gostando de todas as doubles, imperials e quadruppels, mas nesse ano o que eu queria mesmo beber eram as pale ales. O custo-benefício não contribui e nem sempre são as cervejas mais marcantes, mas torço para que surjam cada vez mais pale ales por aqui. Matam minha sede e fazem a noite render.
No sábado passado estive na festa de final de ano da escola cervejeiros Sinnatrah, entre as opções de chope estavam presentes duas ótimas pale ales locais: A Júpiter e a Dortmund Old Ship. Me esbaldei nelas e ficou ainda mais claro para mim como boas cervejas de teor alcoólico moderado fazem uma festa render.

Dito isso, as listas das minhas cervejas preferidas em 2013 não devem ser tão surpreendentes assim:

Top 3 cervejas brasileiras 2013:
1º - Cervejaria Júpiter American Pale Ale
2º - Serra de Três Pontas Cervejaria Artesanal / Cervejaria Prima Satt / Cervejaria Nacional Cafuza Imperial Black IPA
3º - Cervejaria e Escola Bodebrown Cacau IPA

Top 3 cervejas estrangeiras 2013:
1º - BrewDog Dead Pony Club
2º - North Coast Brewing Company Old Rasputin Russian Imperial Stout
3º - Hitachino Nest Beer Espresso Stout


Para acompanhar as listinhas e as cervejas (que preciso revisitar imediatamente), segue mais um episódio do podcast/mixtape Mostura. Nesta edição juntei uma baciada grudenta de powerpop americano. Um monte de rock que pode agradar até a vovozinha na ceia de natal. Mas fica tranquilo que o seu tio diabético não vai passar mal, é pop, mas com açúcar moderado. Se quiser conhecer o tracklist dessa e das edições anteriores do podcast, assim como assiná-lo, basta visitar http://mostura.libsyn.com/.






segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cerveja boa e cara tá cheio, mas e por R$10?



Em 2013 surgiram novas cervejarias, novas cervejas, novas importadoras, novas lojas e novos bares (mas nem tanto). A concorrência aumentou visivelmente, mas os preços, na maioria das vezes, também aumentaram (expliquem essa, economistas). Ok, ok, eu sei que irão colocar a culpa no câmbio. Muitas das cervejas que gosto são importadas, o malte é importado, o lúpulo é importado... Não tem sido um bom ano para o bolso dos bebedores de boas cervejas. Como mostrei nesse post de maio, depois de incorporar as boas cervejas ao meu cotidiano, ficou fácil gastar mais de R$400 por mês bebendo.
Mas eis que chega o final do ano e me surpreendo com alguns preços em supermercados e em algumas "promoções", que, se não sugerem uma tendência para o futuro, ao menos mostram que é possível vender boa cerveja por menos de R$10. E nem estou me referindo a Eisenbahn, que é hors concours nesse tipo de discussão. Falo de cervejas como a Dama IPA (600ml), que, apesar de não ser uma cerveja excelente, é bem agradável (muito melhor que a Karavelle IPA) e encontrei, sem promoção nem nada, por menos de R$10 no supermercado St. Marché. Nessa faixa de preço também tenho visto nos supermercados boas lagers de grandes cervejarias européias, como a checa Bernard Celebration e a alemã Bitburger, ambas com 500ml. Será apenas uma coincidência ou uma nova tendência? Afinal, já está na hora de cervejarias locais e importadoras com alguma bala na agulha investirem no aumento do volume de produção e de importação, ajustando os preços àquele que grande parte dos consumidores estão dispostos a pagar por uma boa cerveja. Afinal, apostar apenas no marketing e na publicidade para convencer o consumidor a pagar (bem) caro por uma cerveja melhor tem limite.


chron.com

E o "Black Friday" então? Podem dizer que é preço promocional e tal, mas ninguém está dando cerveja de graça, se conseguem oferecer esses preços na promoção, eles também podem ser viáveis no dia-a-dia. Na Beer 4 U havia bastante cerveja americana por até R$10, de diferentes cervejarias, e nem todas estavam com a validade prestes a expirar. Tá certo que sempre foi possível comprar cerveja Brooklyn por esse preço, mas infelizmente, junto com as Anchor, são sempre as cervejas americanas em pior estado de conservação por essas bandas. As cervejas americanas distribuídas pela Tarantino costumam ser as que chegam aqui mais frescas, só faltava que eles distribuíssem algumas delas na mesma faixa de preço das Brooklyn. Quem sabe eles mantenham as Founders, ou até mesmo as Anderson Valley, que devem voltar em breve, na briga com as Brooklyn, como as cervejas americanas com melhor custo/benefício do mercado brasileiro? De qualquer forma, eu já me garanti para esse final de ano. Afinal, vai saber qual direção o preço das boas cervejas irá tomar em 2014...